2012/01/12

proposta de compreensão ("algodão doce") - parte I

Este texto não está completo, a continuação fica para mais tarde*...

Lembro-me de algodão doce caído no chão e de um sentimento estranho. Naquele dia, por coisa nenhuma, aprendi a ver aquela ideia – perda que não é perda mas pouco mais do que mutação das coisas, de nós mesmos de certa maneira.

Quando caímos, levantamo-nos mas a frustração que nos fica a reverberar na memória tolhe-nos os passos seguintes – voltarei a cair mais à frente? Quando? Agora? E uma conclusão definitiva antes de cair – não, não vou voltar a cair. A queda é uma possibilidade desagradável mas previsível, seria fácil pensarmos nisto em termos éticos: não se pense em cair – e estaria tudo resolvido. No entanto, não é por se deixar de pensar no pouco provável que ele deixa de existir. A vida é ela própria pouco provável, não devemos desprezar estes eventos desagradáveis apenas por serem pouco frequentes ou por serem imprevisíveis. É aqui que se pode desenvolver, não uma ética condicionante, mas antes, uma nova arte – a arte de ultrapassar a transformação desagradável.

Não se pense em situações concretas, não se sofra com esta reflexão! Procurar compreender como este tipo de situações se dão é o primeiro passo para se ganhar o entendimento necessário para as ultrapassar. Mas devemos deixar claro, a cada passo deste entendimento, não se confundam os efeitos com as causas, o sofrimento não é a origem do desagrado nem o objecto, a origem não são ideias nem pessoas, apenas acções num passado que não pode ser transformado mas que fez transformar alguma coisa que nos afecta directa ou indirectamente.