2012/02/27

"faz o que te agrada e abandona tudo o que te fere desnecessariamente" - o livro dos mestres, I (incompleto)

A mentira é o estandarte maior do desespero pela mudança. Não existe fogo algum que nunca se apague, não existe luz nenhuma que permaneça. A escuridão é permanente, constante, não encobre, está em toda a parte, mera ignorância, vazio imperdoável que todos procuram suprir.

Loucos e boémios, poetas e pensadores tropeçam em verdades eloquentes inacessíveis aos demais, projectam mundos invisíveis de plena satisfação, amor, compreensão, ânimo e paz – felicidade. “Mas porque somos infelizes?”, perguntam todos… Erro pueril, o motivo é simples: “ignorância” dizem os sábios… Quanto mais se compreende a sensação mais distante dele se está, infelicidade das infelicidades! Como poderíamos então atingir esse paraíso prometido, se olhá-lo significa perde-lo?
Para o ingénuo, mero pessimismo, miragens de loucura de um poema apaixonado esquecido numa qualquer tasca medíocre. Quem nunca teve não pode sentir a falta e assim permanece o vazio inexplicável. Felicidade pouco mais é do que uma ideia entendida de alguma maneira como um daqueles poucos momentos de cócegas, estupidez, incompreensão, falta de sentido e gargalhadas. Como se poderia experimentar? Estulta ignorância… Não se tente compreender a felicidade, não é trazendo a água ao buraco que se enche o poço, faça-se o poço em bom sítio, a água há-de surgir depois.

Mas o que seria um bom sítio se a procura nos afasta do propósito como se não devêssemos olhar o bom mas antes compreender o que nos perturba a ingenuidade que nos envolve quando somos verdadeiramente plenos? Compreender a dor, talvez a afaste mas sempre sofremos por olhá-la e ignorá-la é senti-la também apenas deixando-a dirigir as nossas vidas sem que disso tenhamos noção. Deixar de pensar dor e sofrimento não leva o pensador a nenhuma espécie de alegria, apenas uma dormência constante de dor e prazer que, não incapacitando, corrói e confunde ao ponto de tentarmos vezes e vezes sem conta procurar uma paz que não existe.

O espírito perturbado não é feliz, a mente perturbada não é feliz, o corpo perturbado não é feliz mas aquele que compreende a perturbação, aquele que tira o espinho cravado, sente o prazer de se afastar da dor. A felicidade é a ausência de perturbação, de impedimento, de dor, de inacção, de tristeza. A redundância aparente desta ideia não existe, é apenas uma ilusão de hábitos ingénuos. A criança é feliz, só quando alguma coisa perturba essa felicidade, chora. A procura não deve ser directa ao objectivo, mas antes, direccionada aos impedimentos da intenção. Esqueça-se a felicidade, sejamos ingénuos aí, nunca por força fomos felizes! Mas se por força, procurarmos compreender o que nos perturba, se afastarmos de nós a possibilidade de perturbação, a paz surge e se a isto juntarmos uma ingenuidade saudável…

Não interessa a perda, a dor ou a tristeza – mas compreender o motivo porque surgem, os sentimentos alertam-nos, dão-nos a informação que precisamos para corrigir o que está mal, o intelecto dá-nos a capacidade de saber se isso é possível, a inteligência garante que isso acontece. Adaptamo-nos e mal podemos sentir isso acontecer, mas quando nos conformamos à dor sem entendimento não nos afastamos dela, deixamo-la ali, estacionada em pesar de memórias que nos infectam e atrofiam. Compreenda-se o erro e deixe-se a mente fluir, deixe-se o corpo agir, tudo o resto surgirá mais claro então.

2012/02/19

outras piadas lisérgicas

Compreende,
É no momento em que a miragem ilusória se torna realidade que te libertas.

Então,
Todos os teus medos se tornam reais, todos os teus desejos se tornam reais, toda a tua expectativa surge para te concretizar.

Aprende,
O medo é medo de dor, os desejos são desejos de prazer, toda a expectativa é expectativa de mudança.

Permite-te mudar.