2011/08/19

não seria um erro aceitar a ideia de funcionamento universal?

Questiono-me até que ponto podemos agir por vontade. Não digo que não exista essa possibilidade mas a crença que temos nas regras que supomos existirem no ambiente não nos permite isso. Então porquê limitarmo-nos a crenças e a limites regulados? Diriam os mais atentos que não podemos ser egoístas ao ponto de desprezar os mais fracos, devemos proteger a todos porque é útil a todos que haja variedade mas para haver variedade é necessário criarem-se limites a todos. Os que abandonam todos os limites e agem por vontade estão à margem, juntos com aqueles que não agem – esta é a crença. A visão que a crença sugere é falsa – o que age, está livre dos limites mas aquele que se restringe à norma não o vê além do que a lei lhe permite. O homem livre está dentro dos limites universais assim como está fora deles. É daqui que o podemos observar, de qualquer lado, livre ou não, é a nossa crença que define a nossa visão. E se a crença é um paradoxo, também a visão o será, como sendo norma, um limite.

2011/08/17

todos somos feios!

Hoje ouvi dizer que todos somos feios. Não consigo descrever a alegria da multidão. Em mim, nunca tão pouco peso, senti pela primeira vez o alívio de não ter de ser lindo nem ter de me ver nunca perfeito. Senti paz. Se todos somos feios, sem que isso seja uma obrigação mas antes um facto, todos somos livres de nos expormos; se todos nos expomos, então todos somos verdadeiramente iguais, sendo diferentes, nunca julgando porque a norma é então que todos são feios e mesmo que este ou aquele aspecto deste ou daquele seja bonito, todos são feios e a verdade é que alguém sempre vai achar alguma coisa bonita em cada um de nós. Todos somos diferentes, isto é facto assente, não é possível descrever um único tipo de beleza enquanto padrão universal, como diz o ditado – “a cada cabeça, a sua sentença” – mesmo que isso pareça significar o abandono dos cuidados físicos, não o é no entanto, antes pelo contrário a pessoa livre precisa de encontrar o seu equilíbrio e esse equilíbrio é o seu bem-estar. Um corpo satisfeito é um corpo feliz, um corpo feliz é um corpo saudável, um corpo saudável é um corpo equilibrado. O corpo quando encontra o seu equilíbrio não pode ser mais belo, realiza-se mas degrada-se, é na procura desse momento que a pessoa livre vai centrar as suas forças porque é equilibrando o corpo que se atinge o equilíbrio da alma. Todos somos feios, não existe equilíbrio em nós, é apenas uma busca. Todos somos feios, a procura do nosso bem-estar obriga-nos a sermos feios, não existe perfeição. Todos somos feios, se todos encontram alguém que lhe sabe achar beleza, então a beleza não existe ou é apenas uma ilusão individual que esconde outras verdades. Todos somos feios, mas, não existindo beleza, não seria possível que a multidão achasse naquelas palavras pouco mais do que uma graçola bem construída?