2011/05/21

quem somos, de onde vimos e para onde vamos

Além da noção do nosso passado e da aprendizagem que isso implica; além da noção das nossas capacidades e conhecimentos dos nossos padrões de acção; e, por fim, além dos nossos medos e desejos, está a habilidade de gerir as nossas próprias vidas. Muitos radicalizam as opções de que dispõem para este propósito – ou “aproveitamos a vida ao máximo, a cada momento” ou “somos humildes e aguentamos as adversidades!” – a virtude não está no meio, neste caso.

É certo que a resistência a provações ajuda a aguentar outras que lhe sucedam, assim como se pode tornar explosão de ódio, e não devemos desprezar este facto. À semelhança desta contenção, a realização tem as suas vantagens e desvantagens, senão vejamos: é através da saciação de alguns impulsos que se pode controlar tensões derivadas de pequenas frustrações ou desenvolver alguns aspectos úteis da personalidade, não obstante, estes motivos são causa directa de vários desequilíbrios na vida. Mas a questão não é tão simples quanto não radicalizar optando por um meio-termo – é assim que as coisas funcionam, não lhes podemos escapar. De notar que um excesso em qualquer um destes extremos despoleta uma reacção de natureza contrária, o que pode ferir a sensibilidade de quem observe este efeito, tornando-se a contenção em impetuosidade e vice-versa.

Este equilíbrio pode ser conseguido, não facilmente mas sem grande dificuldade com o desenvolvimento de algumas habilidades aqui envolvidas – resistência à frustração e realização pessoal. Ambas as habilidades são antagónicas e, aparentemente, paradoxais. Então como resolver o problema? Então se eu pretender comprar tabaco mas não tiver dinheiro? E se eu tiver dinheiro no bolso e estiver relutante em me embriagar com os amigos?

Compreenda-se o que digo, tanto a frustração quanto a realização criam tensões, antagónicas entre si mas compensatórias. Por exemplo, se me falta dinheiro para o tabaco mas, na mesma situação em que isso acontece, um amigo me paga um copo, as tensões equilibram-se e, dependendo da situação, pode ocorrer que passe de um estado ao seu contrário por compensação. Ocorre outro fenómeno relevante – a habituação. Tanto quanto à frustração quanto à realização, acontece que a cada resistência ou realização tonificamos esse estado. Algo como o halterofilista que, de quando em quando, sente a necessidade de aumentar o peso que levanta. Ficamos cada vez mais capazes de resistir e realizar.

A habilidade de gerir é saber tonificar ambos os aspectos. Note-se que frustrações de uma natureza podem ser compensadas por realizações de outra natureza. Não pretendo incitar a bebedeiras para esquecer mas é certo que, não esquecendo, resultam. O que pretendo é simples, a contenção e a realização não devem ser tomadas em aspectos gerais mas antes por pequenos objectivos onde o caminho e o resultado se compensem naturalmente. Fazer um esforço, um investimento, para poder realizar; ou investir numa acção que traga vantagens e permita contenção posteriormente sem que haja frustração.

Por fim, estas compensações por objectivos devem crescer em intensidade porque quando se levanta o peso muitas vezes ele torna-se mais leve, no entanto, e mantendo a metáfora, devemos apenas levantar o peso que podermos e nunca ir directamente ao alter mais pesado.

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